Inclusão digital é muito mais do se levar uma pessoa até um computador e dizer “Mexe aí, meu amigo”. Vai além também de apenas se ensinar a pessoa a usar alguns programas para que ela não fique tão para trás nas seleções de emprego. Inclusão digital de verdade é trazer a pessoa para a rede, ensiná-la a navegar, se expressar, conversar, produzir e publicar sua produção. E é assim que pensam mutas das iniciativas de inclusão digital do governo brasileiro.
O Portal de Inclusão Digital do Governo Federal encontramos links para dados muito interessantes sobre a inclusão digital no Brasil, disponíveis no Observatório Nacional de Inclusão Digital (ONID). Você sabia, por exemplo, que no Brasil temos 5.267 telecentos, uma média de 3,1 telecentros para cada cem mil habitantes? Sabia também que as pesquisas realizadas apontam que em quase metade destes telecentros estão produzindos algum tipo de conteúdo, sendo que 47% do conteúdo de áudio e 35% do conteúdo de imagem e vídeo produzidos com software livre? O site do ONID também disponibiliza um mapa interativo dos telecentros do Brasil, no qual se pode encontrar os telecentros de uma região e até descobrir se certa cidade já possui ou não um telecentro.
Além disso, o Portal de Inclusão Digital também nos fala de vários programas públicos e de parceria entre o governo e a sociedade, todos visando a inclusão digital entre seus objetivos. Entre os mais destacados, encontramos o Programa Cultura Viva, responsável pelos Pontos de Cultura do Ministério da Cultura, o programa Territórios Digitais, que provê pontos de acesso em regiões rurais remotas do país, e o programa GESAC, campeão em número de telecentros no Brasil.
Os Pontos de Cultura do programa Cultura Viva dão ferramentas e apoio técnico e logístico para projetos culturais locais, potencializando a produção e difusão cultural brasileira. Segue um trecho da apresentação do programa no site do Cultura Viva:
“O Programa Cultura Viva contempla iniciativas culturais que envolvem a comunidade em atividades de arte, cultura, cidadania e economia solidária. Essas organizações são selecionadas por meio de edital público e passam a receber recursos do Governo Federal para potencializarem seus trabalhos, seja na compra de instrumentos, figurinos, equipamentos multimídias, seja na contratação de profissionais para cursos e oficinas, produção de espetáculos e eventos culturais, entre outros.
Esta parceria entre Estado e sociedade civil é o Ponto de Cultura, que recebe a quantia de R$ 185 mil reais, divididos em cinco parcelas semestrais. Atualmente, há mais de 650 Pontos de Cultura espalhados em todo o território brasileiro. Esses Pontos de Cultura foram selecionados por meio de editais – já foram publicados quatro desde 2004 – e por meio das Redes de Pontos de Cultura. Ao lado dos Pontos de Cultura, o Programa Cultura Viva integra outras quatro ações: Cultura Digital, Agente Cultura Viva, Griô e Escola Viva.”
Já o programa Territórios Digitais, uma realização do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (ambos com sites bem bacanas!), está instalando pontos de acesso à internet em assentamentos, escolas agrícolas, comunidades tradicionais, sindicatos e Casas Familiares Rurais.
Segundo o site do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural:
“O projeto Territórios Digitais faz parte do Programa Territórios da Cidadania. O Territórios Digitais consiste na implantação de Casas Digitais – espaços públicos e gratuitos com acesso a computadores e internet – em assentamentos, escolas agrícolas, comunidades tradicionais, sindicatos e Casas Familiares Rurais. Em 2008, serão alcançados os primeiros Territórios da Cidadania. A partir de 2009 e até 2010, a meta do projeto é ter Casas Digitais nos 120 territórios do Programa.
O objetivo do Territórios Digitais é disponibilizar acesso às tecnologias digitais de informação e comunicação para aprimorar os processos de gestão da produção; o controle social das políticas públicas; o acesso à informação; e a formação de rede de troca de experiências.”
Por fim, mas de forma nenhuma com menos importância, temos o campeão em instalação de telecentros no Brasil: o GESAC – Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão. Segundo o Portal de Inclusão Digital:
“O Gesac garante conexão via satélite à Internet a escolas, telecentros, ONGs, comunidades distantes e bases militares fronteiriças, além de oferecer serviços como conta de e-mail, hospedagem de páginas e capacitação de agentes multiplicadores locais, contando hoje com 3.530 pontos de presença atendendo cerca de 2.200 municípios brasileiros. É parceiro de diversos programas de inclusão digital do Governo. A próxima fase do programa prevê a instalação de 11.919 pontos de conexão à Internet via satélite. Serão atendidos locais que não possuem conexão por ADSL, escolas públicas rurais e telecentros montados a partir dos kits encaminhados pelo Ministério das Comunicações a prefeituras de todo o país.”
O Brasil tem hoje mais de 62 milhões de pessoas conectadas à rede — mais gente do que a população de países como a Itália e a França — e isso só foi possível por conta dos esforços conjuntos da sociedade e do governo para trazer a parte da população antes excluída para dentro da rede, e dar a ela ferramentas e conhecimento para conversar, se organizar e criar. Se hoje o presidente festeja a criatividade brasileira na rede, é porque há muitos anos vem trabalhando em prol da inclusão digital — que é uma parte indispensável da luta para se diminuir os abismos sociais do país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário