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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Estagiários ou estagnários?



Todos nós já passamos por ele um dia. O estágio. Época em que adquirimos a prática da profissão que escolhemos, temos o primeiro contato com profissionais do mercado... e também aprendemos a usar máquinas de xerox e aparelhos de fax. É também quando ganhamos menos que pessoas já formadas, embora façamos o mesmo tipo de trabalho que elas. Quem nunca atendeu a ligações ou se sentiu explorado durante um estágio não sabe o que é a vida.

Mas será que deixar estagiários e trainees em trabalhos como esses vale a pena para uma empresa? O que compensa realmente: manter estagiários em regime de exploração, ou apostar tempo e dinheiro treinando-os? Para responder a esta pergunta, o TI Master foi conferir como anda o investimento das empresas de tecnologia em seus estagiários.


"Eu não consigo atrair pessoas com experiência simplesmente porque elas não existem"


Carlos Montalverne, Gerente técnico da Cisco




- Custa menos contratar um estagiário ou trainee do que um profissional já formado e com experiência. Eu não consigo atrair essas pessoas com experiência simplesmente porque elas não existem - revela o gerente técnico da filial Rio da empresa de soluções em rede Cisco, Carlos Montalverne, que é quem tem contato com os estagiários e trainees que entram na companhia.

Tradução: mais vale um estagiário na mão que dois profissionais voando. Na fabricante e distribuidora de servidores Itec, a situação é a mesma. Sem conseguir profissionais capacitados no mercado, a empresa apelou para os estagiários. De acordo com o diretor de Marketing da companhia, Álvaro Caputo, desde o ano passado a Itec treina estudantes de faculdades parceiras, durante três meses, no seu produto, o servidor AS400. E é desse programa que a companhia escolhe os estagiários que vai recrutar.

- A gente precisava de skills muito específicos e eu não estava encontrando isso no mercado. Já o treinamento deixa o pessoal na ponta dos cascos.

Aurélio Di Pietro, diretor de Recursos Humanos para a América Latina da empresa de tecnologia de redes 3Com, é da mesma opinião. Ele acrescenta que, além do treinamento na tecnologia da corporação, programas de estágio e de trainees são a chance que a companhia tem de tomar pela mão pessoas ainda não catequizadas e formá-las nos seus moldes.


"O estágio prepara para vestir a camisa da empresa"


Aurélio Di Pietro, Diretor de RH para a América Latina da 3Com




- Primeiro, nós temos carência de mão-de-obra nesses cargos qualificados. Em segundo lugar, o estágio faz a gente formar um empregado dentro do padrão da empresa, prepara alguém para vestir a camisa.

Segundo Di Pietro, o objetivo do programa de estágio da empresa é fazer com que os estagiários adquiram uma visão mais integrada e sistêmica da corporação. Nesse processo, o estagiário não fica apenas em um setor da 3Com, mas passa por todas as áreas de tecnologia da empresa.

Além disso, há um fator prático: muitas vezes a empresa gasta menos com um estagiário do que gastaria com um profissional diplomado. O gerente de Tecnologia da empresa de criação e manutenção de projetos de Internet, Via Web Consultoria de Internet, José Muanis, admite que, com um volume muito grande de trabalho, você precisa de estagiários para fazer o “trabalho sujo”.

- Esse pessoal é descartável. Nenhuma empresa tem como absorver toda a mão-de-obra que qualifica. Por isso, o investimento para treinar um estagiário é infinitamente menor do que o investimento para contratar uma pessoa qualificada.

O executivo da 3Com lembra que contratar um profissional através de um headhunter custa cerca de 30% de sua remuneração anual. Se for por outro método, sai até mais barato. Mas, para ele, o valor de um profissional formado por um programa de estágio não pode ser medido. Álvaro Caputo, da Itec, concorda:

- Provavelmente o profissional faria mais rápido que o estagiário. Mas a médio prazo isso é compensado.

Se há todo esse treinamento quer dizer que a empresa não espera que o estagiário venha sabendo nada? Ou lá no fundo ela prefere quem já tem algum conhecimento prévio?

- Eu quero alguém com bons resultados na faculdade e com potencial para aprender. Não dá para querer que o estagiário já chegue jogando, ele é um estudante - declara Aurélio Di Pietro, da 3Com.

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